O rótulo do vinho

14 04 2010

Aqui em Vinhotopia, o rótulo do vinho é quase tão importante quanto o vinho. Há muitos anos que nós não vendemos mais vinho a granel ou nas garrafas trazidas pelo comprador. Por aqui, tudo sai das vinícolas engarrafado e devidamente rotulado.

Parece um absurdo dizer que o rótulo tem quase a mesma importância que o vinho, mas vamos explicar porque não é: 1) o rótulo é o primeiro contato que a pessoa tem com o vinho; 2) é ele que traz informações importantes sobre o vinho; 3) e é pelo nome que está gravado nele que vamos chamar sempre este vinho, isto é, este será o nome que daremos a nossa lembrança.

Muito provavelmente, se citarmos aqui o nome de um vinho que você já bebeu (Almaviva), você vai primeiro se lembrar daquele rótulo branco com o globo vermelho para depois se lembrar as sensações que teve com esse vinho.

É evidente que o rótulo não é a coisa mais importante entre todas para a decisão de compra de um vinho, o preço é o primeiro fator (teve muitos que pensaram, o Almaviva é bom mas é muito caro), mas é o rótulo quem traz as informações mais relavantes.

Alguns dados importantes que estão no rótulo são: o nome do produtor, a região onde foi produzido, o teor de álcool e o volume da garrafa. Algumas informações podem também estar no contra-rótulo.

É tão grande a variedade de vinhos que existem, são tantos produtores, tantas regiões, tantas uvas, preços tão diferentes que é natural ao comprador de vinhos ter certa percepção de risco. E esta percepção é ainda maior quando se vai comprar um vinho para uma ocasião especial, como um jantar com amigos. A função do rótulo é, entre outras coisas, amenizar a sensação de risco do consumidor. Muitos estudos de comportamento de consumidor de vinhos mostram que um dos fatores mais citados como relevantes para a decisão de compra é a prova do vinho antes da compra. Mas sejamos francos, quantos vinhos nós podemos provar antes de comprar? Já imaginaram o custo que isso representaria para o já caro marketing do vinho? Então aí vem o rótulo e seu efeito sensibilizador.

Alguns, são verdadeiras obras de arte, outros nem tanto, mas muitos valem uma certa admiração. Para quem quiser curtir alguns, sugerimos:





o aroma de curral – Brett

8 04 2010

Recentemente, em uma degustação de vinhos aqui em Vinhotopia, houve uma grande discussão em torno de um assunto polêmico: aroma animal no vinho, é bom ou é mau?

Brettanomyces bruxellensis

Bem, vamos explicar. O vinho em questão tinha aroma clássico e bem nítido dos compostos deixados por uma levedura que costuma contaminar vinhos que passam por barris, a chamada Brettanomyces bruxellensis, que é da mesma família das mais amadas Saccharomyces cerevisiae. A Brett, como é chamada pelos íntimos, costuma parecer espontâneamente nos vinhos e está muito associada aos barris de madeira, usados na conservação de diversos vinhos. Como possui uma grande resistência ao álcool, sua contaminação é mais comum nos vinhos secos, quando estão sendo amadurecidos nos porões das vinícolas.

O ataque da Brett aos vinhos causa o aparecimento de aromas bem característicos, descritos como: esterco, curral, urina, suor de cavalo, medicinal, band aid e plástico queimado. A intensidade desses descritores varia de vinho para vinho e do grau de ataque desta levedura.

Mas o caso em questão é se isso é bom ou ruim para o vinho. Aí, meus amigos, depende. Se o ataque foi pequeno e a intensidade e a nitidez destes aromas é bem moderada, para um vinho que apresenta outros atributos positivos, pode até colaborar para a complexidade, sem, no entanto, estragar o vinho. Por outro lado, se a nitidez e a intensidade forem muito pronunciadas e aromas como suor de cavalo e esterco dominam o vinho, por favor, esqueçam a suas memórias de infância. Cavalo é bom para andar e esterco para adubar, para beber: não dá!





O Aroma de Violeta

6 04 2010

Violeta Africana

Sempre nos impressionou muito as descrições com “aromas de violeta”. Aqui em Vinhotopia, nós conhecíamos somente a Violeta Africana (Saintpaulia ionantha) , muito comum, vendida em vazinhos no supermercado e presente em quase todas as cozinhas. Esta planta de origem africana nem mesmo é da família das violáceas, ou seja, nem mesmo uma violeta ela é. Também não vamos acusá-la de ser impostora, não é nada disso. É apenas uma singela planta, fácil de cultivar, sempre florida e com flores, aliás, de cores variadas e muito bonitas. Mas sem aroma algum.

Violo odorata

Viola odorata

Então de onde vem o aroma de violeta, usado como descritor comum em diversas variedades, com a Malbec, por exemplo? Bem, esse famoso aroma que nem todos devem conhecer bem, vem de uma violeta de verdade, chamada Viola odorata, ou, violeta-de-cheiro, violeta-aromática, amor-perfeito, entre outros nomes. Esta é uma planta de origem Euro-Asiática, pouco comum no Brasil, é uma planta de jardim, de aroma suave e bem característico. É famosa por suas propriedades medicinais. A infusão de suas flores já era usada na antiguidade para aliviar as dores de cabeça.

Agora, vamos procurar as violetas de verdade, para cheirá-las e gravar seu delicado aroma em nossas mentes, para buscá-los nos vinhos e assim, aproveitar mais os seus prazeres.